A verdadeira história de Medusa - narrada por Poseidon

Há muito tempo eu conheci uma garota muito bonita, sério, ela era tipo “wow!”, era tão bonita que  o nome dela foi considerado sinonimo de beleza na Grécia antiga. Como não podia deixar de ser, sua origem era divina, ela nasceu filha de Fórcis e Ceto, que por sua vez eram ambos filhos de Pontos e Gaia.

- Quer dizer que ela era filha de incesto? 

- Exato! 

- Por isso que nasceu deformada! 

- Acabei de dizer que ela não era feia…

- Mas… 

- Escuta a história que eu explico. 

Enfim, ela era filha de Fórcis e Ceto e irmã das Moiras e das górgonas Esteno e Euríale, essas sim eram monstros horríveis e imortais. 

- To dizendo que esse negócio de incesto cria gente deformada! 

- XIU! 

Das seis irmãs, apenas ela se assemelhava a um ser humano e possuía o dom da beleza, mas também ela era a única mortal da família e portanto não podia conviver com os seres divinos, tendo sido banida para viver na terra. 

Perdida e sem saber muito bem o que fazer ela vagou pelo mundo até encontrar o templo de Atena, onde foi aceita como sacerdotisa, lá ela encontrou um lugar para ficar, mas não necessariamente paz. Todos os dias centenas de rapazes iam o templo dar em cima da garota que não estava nem um pouco interessada. As cantadas eram das mais variadas e sempre horríveis:

- Gatinha, o que você faz aqui que não está no templo de Afrodite? 

- Não te interessa… 

- Esse templo fica em terreno elevado né? 

- Ahãm… 

- Se eu largar essa bola aqui de cima, rola? 

- Não… 

- Nossa, pensei que subia para o templo de Atena, mas estou nos elíseos! 

- Essa foi péssima…

- Se eu rezar bastante para Atena, ela dá você pra mim? 

- Não… 

- Gatz, o templo tem telefone? 

- Essa porcaria nem existe ainda! 

- Garota, hoje é seu dia de sorte, sonhei com Atena e ela disse que você se casaria comigo! 

- Desculpe, mas não tenho tido pesadelos recentemente e até que ela me avise a resposta é não…

- Você já deu!? 

- … 

Como podem ver a vida dela não era fácil com centenas de rapazes de todas as idades, cores, tamanhos e formatos aparecendo todos os dias para lançar-lhe as piores cantadas do mundo antigo! 

- Essas cantadas são tão ruins assim? 

- Péssimas, qualquer um que as use está assinando seu atestado de fracasso! 

- Droga… – Incógnito risca as cantadas de sua lista. 

A garota a quem me refiro se chamava Medusa e todos os dias, após cumprir seus deveres de sacerdotisa ela descia até a praia para ver o sol se pôr sobre o mar e constantemente se perguntava se algum dia encontraria um homem que a fizesse perder o fôlego… E bom, como eu sou um deus muito legal e generoso resolvi atender as preces da menina! 

Em um fim de tarde qualquer, lá estava ela vendo o sol se pôr, se fazendo novamente a mesma pergunta que fazia todos os dias quando, como que atendendo às suas indagações, um cara alto e sarado de longos cabelos brancos e barba bem aparada sai, nu, de dentro das ondas, ele sacode a cabeleira para trás e imediatamente captura a atenção da moça: 

- Que deus! – disse ela embasbacada. 

- O que tem eu? – respondi. 

- De onde você saiu?! 

- Do mar, agora a pouco, acho que você viu… 

- Ah sim, era uma pergunta retórica… 

- Imaginei que sim… Então, como você se chama? 

- Medusa… E você? 

- Poseidon. 

- Que legal, como o deus! 

- É… “como” o deus…

- Pera ai, você não é ele né? 

- Não… 

- Ah tá! 

- Eu sou eu e eu sou Poseidon… 

- HÃ!? Nossa, sério? É um prazer conhecer você! 

- Será um prazer, pode apostar… – e dei uma piscadela. 

Nós nos demos muito bem, ficamos conversando um tempo, ela estava visivelmente interessada, mas eu fiquei escondendo o jogo, pelo menos no início… Quando eu estava prestes a fazer uma proposta para a garota o impossível aconteceu! 

- O que? 

- Ela tomou a dianteira! 

- Sério?! 

- Bom, mais ou menos… 

Foi mais ou menos assim, nós estávamos sentados na beira da praia, olhando as ondas rolar e jogando conversa fora, mas como deuses são ocupados, eu precisava ir. Me levantei e fiz as devidas despedidas: 

- Eu preciso ir, Medusa, foi legal conversar com você. 

- Você é um cara muito interessante, Poseidon… Nós deveríamos nos ver mais vezes… 

- Nos ver mais vezes? 

- Claro, você parece interessado… 

- Ah é? E o que te faz imaginar que eu estou interessado? 

- Bem… – ela corou e discretamente olhou um pouco para baixo, um pouco depois de minha cintura. 

- Hãm… É, certo… Deveríamos nos ver mais vezes… 

E assim fui delatado por uma parte de minha prodigiosa fisionomia… Eu deveria ter suspeitado que aquilo jamais passaria desapercebido… 

- Não entre em detalhes, por favor! 

- Quieto, estou contando a história! 

Mas enfim, depois daquele dia passamos a nos ver quase sempre, as vezes ela me esperava na praia, as vezes eu ia antes até o templo enquanto ela terminava de encerrar as funções do dia. Numa dessas agarrei-a pela cintura e a coisa começou a ficar meio quente, obviamente eu queria possuí-la com todo o vigor que minha máscula virilidade poderia oferecer e pela forma como ela mesma já havia jogado as roupas longe acho que é seguro afirmar que ela estava tentada a ceder… Quando a puxei mais para perto ela pareceu meio tensa e nervosa. 

- Mas nós vamos fazer isso aqui? 

- Porque não,beibe? 

- Sei lá, no meio do templo… E você sabe como Atena é…

- Ééééé… Uma puta nervosa, quer fazer outro dia? 

- NÃO! Não, outro dia não! 

- Então vem cá! 

Depois disso fizemos várias posições diferentes, no chão, em cima do altar, nas colunas e onde mais você puder imaginar…

- OS DETALHES! POR FAVOR SEM DETALHES! 

- Você é muito puritano, Incógnito… 

- Não, eu não sou, você é que é devasso! 

- Dane-se… 

Enfim, depois de exauridos, mas contentes eu disse que precisava ir, na época eu era um deus meio ocupado e eu tinha de ir até um reino distante chamado “Etiópia” para ameaçar o rei local e obriga-lo a sacrificar a filha dele. Eu e Medusa nos despedimos com a promessa de nos vermos de novo… Mas infelizmente nós não nos veríamos mais, Atena havia visto tudo… 

- Tudo? 

- Tuuuudo… 

- Oh! 

Pois é, Atena viu tudo e não gostou do que viu… Ou gostou, porque deixou para tirar satisfação só depois que terminamos, ao invés de aparecer lá antes… Mas enfim, estava eu descendo a escadaria do templo quando sinto aquela presença ameaçadora e característica que emana das deusas na TPM, olhei para trás e percebi o que havia acontecido. 

- Ai você foi lá salvar Medusa? 

- Tá loco? Já viu uma deusa na TPM?! Eu sai correndo o mais rápido possível e me atirei no mar, aquela megera jamais vai me pegar com vida! 

- Poseidon… 

- O que? 

- Você é um grande filho da puta…

- Tu acha? Quem sabe… 

Mas enfim, eu dei no pé e Medusa ficou lá para sentir a ira de uma vadia nervosa divina na TPM e o resultado foi desastroso, ela havia sido desfigurada, a metade inferior de seu corpo era como a de uma serpente no lugar de seu cabelo agora haviam dezenas de cobras que se contorciam e sibilavam, todos que a olhassem nos olhos eram imediatamente transformados em pedra! 

- Nossa, foi tão ruim assim? 

- Isso não é nada! Você não sabe no que se tornaram os pelo pubianos dela! 

- SEM DETALHES! 

- Ok, ok… 

Então, só que naquela noite eu havia engravidado Medusa, alguns meses depois um sobrinho meu metido a besta iria cortar a cabeça da coitada e do pescoço dela sairiam nossos filhos, o cavalo alado Pégaso e o gigante Crisaor. E a garota cujo nome antes era sinonimo de beleza passou a ter o rosto esculpido nos portões de lugares importantes no intuito de espantar os maus espíritos. Bela história não? 

- Então você abandonou uma garota apaixonada e grávida para se ferrar sozinha? 

- … Hum… É, se for ver por esse lado, é sim… 

- Legal, como você fez pra ela se apaixonar por você, pode me ensinar?!

- Não, nem que fiquemos aqui mil anos você não vai aprender, aceite que é um caso perdido, será melhor! 

- Mas… – Uma lágrima escorre do olho do sr. Incógnito e ele corre para se trancar no seu quarto. 

- Malditos emos e suas recaídas…

Catei do Domínio Marinho